Thursday, February 12, 2009

pensamento

a poesia não mora nos becos dos dicionários e prontuários, onde, última e infelizmente, a temos enfiado. mora-nos no sangue e na alma, onde involuntária e desumanamente, a temos calado.

3 comments:

(ex)pressoes said...

Mora numa arvore que dança,
O vento é seu amante. Transporta os filhos pelo ar e já na terra crescem, vivem, na esperança de chegar ao vento para que as folhas ao cobrirem o poeta, este a olhe lentamente e no feitiço lhe dê o beijo eterno :
És arvore,
Que se agita em pensamento,
Nua, nua me seduzes.
Levas-me de mim pelo teu tronco. E deixas-me ficar assim.
Sem tempo que dá ao vento os nossos filhos pelo mar das almas

leal maria said...

A ideia… a transmissão da tua mensagem, esculpida numa bela forma, que a economia de palavras não aniquilou…
Tal qual julgaste: claro como a cristalina água de uma fonte, mas… permite-me que discorde de que, a poesia que falamos, é produzida pela forma dominando a tempestade poética. A tentativa de dar forma às palavras obriga também a dar sentido ao poema e evita que se torne uma incompreensível divagação. Os teus poemas fascinam-me por isso mesmo, dás-lhe a forma que a síntese te obriga e com isso condensas em parcas palavras uma miríade de “sentires”. Os outros; tu próprio o disseste: “malabarismos de palavras”
E de novo a ti recorro para vincar o que penso desses poemas e, ainda que lhes ache alguma beleza, não são de modo a ganhar sucessivamente prémios atrás de prémios. Mas as tuas palavras por mim falarão: “a poesia não mora no becos dos dicionários e prontuários, onde, última e infelizmente, a temos enfiado. mora-nos no sangue e na alma, onde involuntária e desumanamente, a temos calado.”

Adiante!!
Claro que visitarei esse teu novo blogue e confesso a curiosidade de lhe destrinçar as diferenças para com o http://open-sourcepoetry.blogspot.com/. Mas este, espero que o deixes por cá perpetuar-se, porque vou-o “degustando aos poucos”. Permite-me também que te aconselhe este blogue que também recentemente encontrei: http://poemas76.blogs.sapo.pt/

“Pedras contra canhões” ?? Adivinho aí uma militância anti-israelita!?
Não te esqueças que Israel apesar de tudo ainda é um oásis de liberdade nessas latitudes!
Mas é evidente que os palestinianos têm direito a uma pátria, uma vez que a má consciência da cristandade fez com que perdessem tudo, com base em pretensos direitos de há dois mil anos atrás.
Mas o mal está feito… há que o remediar o melhor possível!

leal maria said...

aaah… como queria eu falar-vos de um rio
que calmo e sereno desaguasse num meu desejo
metáfora de cristalino fio
para descrever a vontade que teria de um beijo

como queria eu falar-vos em palavras desconexas
sem um sentido aparente
para que em vossas almas convexas
espremêsseis o que no meu coração se sente

quem me dera na palavra a fluidez
sem que houvesse de recorrer ao ritmo da rima
e nela esconder-vos a minha acidez
resguardando-me de perder a vossa estima

aaah…. o bom que seria
por certo teria a vossa sincera admiração
ouviria cantar loas à minha poesia
e então sentir-me-ia como se tivesse o mundo na mão

quem me dera o tão difícil talento
daqueles que provocam só de mencionar o sexo
deixaria que reconhecêsseis em mim um advento
mestre a debitar frases sem nexo

mas pobre de mim
que não sei dissimular a minha falta de arte
tudo o que digo é… enfim
um mundo que construi nos muitos em que o meu “eu” se reparte

falta-me a vossa tendência para o subliminar
não sei criar assim tetas tão difíceis de espremer
tenho embaraço em juntar-me ao vosso colectivo masturbar
porque necessito dar alguma clareza ao meu querer

por certo tereis do vosso lado a razão
e será só aparente a imperceptibilidade do vosso vocabulário
longe de mim dizer-vos caligrafistas de torta mão
cruzes credo que não quero ser tão arbitrário

o vácuo que em vós vislumbro é somente mau feitio meu
muito haverá nas entrelinhas do vosso escrever
não me ligueis que eu sou o tipo que a má sorte não abateu
e prometo que me vou esforçar para não vos mandar foder





leal maria


: ) Só para provocar... mas sem a subtileza das tuas palavras...